Sunday 22 May 2016

Cauby Peixoto as seen by Jeanette Adib 1957

Jeanette Adib was one of the first Brazilian journalist to try and understand the smear campaign promoted by a vulgar segment of disgruntled males who tried in every way to throw ridicule and defamation on the public figure of popular singer Cauby Peixoto who came into national prominence around 1956 at the same time Elvis Presley was revolutionazing the American scene.

Miss Adib tries to understand what was the matter with so much hatred and jealousy on the part of those 'regular guys' and the whole phenomenon. It is interesting to realize that she was pretty smart and made a lot of sense in her analysis. 


Agora ele foi tentar a sorte nos Estados Unidos - mas parece que o cantor brasileiro está encontrando forte barreira por parte dos aficionados do rock'n'roll - e quem ainda está ditando as ordens é o gingador Elvis Presley. 


Uma verdadeira avalanche de mulheres corre frenética atrás do cantor que arrebata os corações femininos com sua voz cheia de ternura e romantismo. Louras, morenas e escurinhas, disputam a atenção do cobiçado astro. Cauby é o dono de um dos maiores públicos femininos que comparece aos seus programas, em massa, e, talvez, em virtude dessa preferência, um pequeno público masculino tem se revelado desfavorável ao ‘melhor cantor de 1956’. Esse lado negativo, procura atingir objetivos poucos recomendáveis, no que concerne a integridade moral do rapaz. Visam, principalmente, colocar em jogo a masculinidade do espetacular cantor. Os boatos maldosos vão-se espalhando como uma praga tremenda, e aumentando de boca em boca (como habitualmente acontece), comprometendo de certo modo, sua reputação de artista. A época é das calúnias (em todos os setores), e quando alguém consegue ter o cartaz de Cauby, os despeitados ‘fabricam’ logo a novidade, com o propósito de ridicularizar a ‘vítima’.

O caso de Mr. Cauby Peixoto é perfeitamente explicável. Sendo o queridão das mulheres de todos os tipos, tamanhos e raças, ele passou a ser invejado por homens sem grandes qualidades (físicas e morais), que não conseguem pegar nem resfriado, quanto mais um mundo de garotas apaixonadas. Por sua vez, Cauby é indiferente a esses venenosos ataques. Houve um efeito contrastante em toda essa história. Planejou-se com tais calúnias, levar o cantor ao ridículo e fazê-lo perder sua invejável posição no radio. Aconteceu precisamente o contrário: as calúnias fizeram de Cauby um mártir, despertando em suas fãs um sentimento de proteção, apoio e mais amor. E, de dia para dia, cresce a sua popularidade.

Ele é tão perseguido pelas mulheres, que um terno tem a duração de máxima de um dia, pois quando elas o avistam na rua, é a conta! Todas querem agarrá-lo ao mesmo tempo, para se apossarem de uma ‘lembrancinha’ bem pessoal. A roupa fica em tiras: um pedacinho para cada uma. Na porta do apartamento de Cauby Peixoto, era comum amanhecerem várias jovens que pernoitavam na calçado do edifício, com o propósito de esperarem a saída do cantor. E, lá se ia outro terno novo! As mais discretas, rabiscavam-lhe a porta de batom, com declarações de amor, nomes, endereços, telefones etc. Aquilo já não era mais porta. Parecia uma dessas arvores que os namorados escrevem seus nomes e desenham corações. Cauby só encontrou uma saída para isso: mudar-se para um hotel onde a vigilância é rigorosa. Não entra ninguém sem ser previamente anunciado!

SE OS DESMAIOS FOSSEM PAGOS

Muitos dizem que algumas freqüentadoras de auditórios eram pagas para desmaiar a cada interpretação de Cauby Peixoto, a fim de provocar onda de publicidade sobre o seu nome. Abordando o caso com seu empresário, ele explicou-nos que o negócio não passou de uma piada dita por brincadeira. Numa roda de artistas, todos elogiavam a publicidade que ele vinha fazendo para Cauby. O empresário, então, disse em tom de pilhéria: ‘É... nessa campanha só falta botar umas meninas para desmaiar...’

O referido empresário conclui: ‘... Na verdade, desmaiaram até hoje, três (espontaneamente), e todos pensaram que as tivesse pago para isso. Ora, se eu quisesse fazer esse movimento, não iria pagar só três desmaios! Pagaria logo uns trezentos!

Enquanto os boatos correm, verídicos ou inverídicos, Mr. Cauby Peixoto torna-se cada vez mais famoso. Uma prova disso, é que ele acaba de ser contratado pela NBC, para atuar em radio e TV, por três anos.

Enquanto os boatos correm, verídicos ou inverídicos, Mr. Cauby Peixoto torna-se cada vez mais famoso. Uma prova disso, é que ele acaba de ser contratado pela NBC, para atuar em radio e TV, por três anos.

Nos Estados Unidos, o cantor brasileiro tem sido elogiado pelos críticos, maestros, e, principalmente, pelo publico.



'Revista da Semana' 20 July 1957. 
Cauby Peixoto with a King... Nathaniel Cole. 
a negative portrayal of Cauby done by 'Confidencial' magazine. 
a page full of venom against Cauby and Louis Serrano too. 

           
Cauby Peixoto, literalmente rasgado pelas fãs - RR, 26 October 1956.
Rebel without a cause - Emilinha, Cauby & Maysa do their zany act.
Cauby & Nat King Cole in the U.S.A. 
Cauby, Maysa, Fausto Guimarães point to Paulo Gracindo's head.


Monday 18 April 2016

Marisa perde amor de Pery e ganha o de Cesar

Marisa Vertullo Brandão aka Marisa or Marisa 'Gata Mansa' on the cover of 'Revista do Radio' # 745 28 December 1963. Photo taken from Marisa's flat on Rua da Consolação, 867. 

Marisa perdeu, artisticamente, o sobrenome. Deram-lhe para substituir aquele Vertulio Brandão, com que foi batizada o cognome de ‘Gata Mansa’, em razão da sua maneira doce de cantar, os seus olhos repuxados e felinos, o seu sorriso angorá. A cantora fixou-se em São Paulo. Esteve no Rio de Janeiro por muito tempo, aqui iniciou sua carreira artística e está, embora não pareça, chegando à casa dos 30 anos de idade.  Indiscrição: Marisa não se importa em que se diga que nasceu em 27 Abril 1938. Está, agora, muito bonita. Canta com profunda dose de sentimento. Porque sofreu – e vai aqui mais uma indiscrição – desilusões românticas. Não esconde que esteve apaixonada por alguns cantores... e que já os esqueceu. O mais recente, Pery Ribeiro, foi um amor intenso, que parecia cristalizado para toda a vida.

Mas o amor só durou alguns meses. Não é segredo que ela trocou o Rio por São Paulo em virtude de Pery ali se encontrar radicado há bastante tempo. Esperava-se dessa forma, que surgisse a qualquer momento a noticia do casório de Marisa com o filho de Dalva de Oliveira, que até fazia gosto no acontecimento. Isso não aconteceu e o rompimento do romance foi inevitável. Como pessoas inteligentes e sensatas, ele e ela compreenderam que o amor terminara. E ficaram sendo bons amigos: cumprimentam-se ainda hoje, trocam palavras amáveis, mas agora tudo é diferente na vida de Marisa. Tudo é novo. A começar pelo amor.

Ela está apaixonada por um músico paulista Cesar Camargo Mariano. Amor de verdade: a cantora e o pianista só tem olhos um para o outro. Marisa fixou residência em São Paulo, num apartamento no alto do Edificio Marcela, na Rua da Consolação, 867. Perdeu alguns quilinhos e está mais esbelta. Canta na boite Baiuca e na TV Tupi.

Confessa aos amigos que dificilmente voltará ao Rio, posto que ficou sendo a Marisa dos paulistas, que a recebem de braços abertos. A estrela viajará para a Guanabara somente em visita à sua genitora, que reside em Copacabana. Com o amor transbordando de carinho, Marisa adorou São Paulo. E vai ficar mesmo por lá.


Revista do Radio # 788 - 27 October 1964. 

Um casamento alegre foi o de Marisa, a 'Gata Mansa', mas contando com uma nota de emoção: a presença das duas irmãs de Dolores Duran, Hilda Rocha e Irley Rocha (gravou discos com o pseudônimo de Denise Duran) de quem a noiva foi um das maiores amigas. Ao contrário do que tem ocorrido de uns tempos para cá, as cerimônias civil e religiosa foram realizadas separadamente. Primeiro ocorreu o ato civil, realizado na futura residência do novo casal. Foi oficiada pelo juiz Luigi Capiobianco, assistido pelo escrivão Laerte de Moraes. Os noivos assinaram no livro de registro seus nomes, por extenso, e que são: Marisa Vertullo Brandão e Antônio César Camargo Mariano. Depois do casamento a noiva passou a assinar-se Marisa Camargo Mariano.

Foi no boite A Baiuca, na Praça Roosevelt, em São Paulo, que Marisa conheceu seu atual marido. Cesar era o pianista daquela casa e Marisa a cantora, quando travaram conhecimento. Do namoro chegaram logo ao noivado. Quando se aproximou a data do casamento, Cesar teve que viajar para o Rio de Janeiro, pois seu conjunto, o Trio Sambalanço, foi tomar parte no show de Lennie Dale, na boite Zum Zum. Como o casamento foi realizado em São Paulo, Cesar teve que pedir licença da boite carioca, mas no dia seguinte teve que voltar, ficando a lua-de-mel adiada para quando terminar a temporada na Guanabara.

Os padrinhos no civil, por parte da noiva, foram o sr. Joaquim Emílio de Camargo Rangel (tio de Cesar) e Irley Rocha Gordon (Denise Duran), irmã de Dolores Duran. De parte do noivo, o sr. Milton Domingues e sua noiva Hilda da Rocha (outra irmã de Dolores Duran). A mãe e irmão de Marisa, devido à viagem de trem, só chegaram a tempo da cerimônia religiosa. Para o ato civil, Marisa usava um vestido azul-piscina de tecido 'côco ralado' e cabelos soltos. 

Depois teve lugar o ato religioso na Igreja Santa Terezinha, Rua Maranhão, 617, Higienópolis. Marisa usava, então, um vestido branco de shantung de seda pura, tamanho curto, com mangas largas em formato sino, tendo as mangas e a barra trabalhadas em raffe e pedrarias. Calçava sapatos do mesmo tecido do vestido e usava luvas de cetim branco. Levava um botão de rosa, claro, e na cabeça usava uma rosa branca e grinalda de tule de nylon, de três camadas, com sombra azul. O traje da noiva foi confeccionado por Mme. Nadir, amiga de Marisa. O noivo trajava terno de tropical, riscadinho de branco. Os padrinhos de Marisa na igreja o sr. Gilberto de Camargo Rangel e d. Helena de Camargo Rangel, avós de Cesar. Os padrinhos do noivo foram seus tios, sr. Joaquim Emílio de Camargo Rangel e dona Antônia Yara Pompeu de Camargo Rangel. Frei Paulino do Coração de Jesus celebrou o enlace, ao qual compareceram também os outros dois elementos do Trio Sambalanço, Airto Moreira (bateria) e Humberto Claiber (contra-baixo), sendo que o último executou durante a cerimônia, em solo de gaita-de-boca, a melodia 'Marisa', que Cesar compôs para ela. 

Diversos artistas estiveram presentes à Igreja. Anotamos: Elza Aguiar, Alaíde Costa, Yoko Okada, Pedrinho Mattar, Dave Gordon, Walter Silva, Maricene Costa, Luiz Chaves (baixista), Waldyr Santos e Magno Salerno (representando as Emissoras Associadas), Luiz Mocarzel, Sebastião Bastos (presidente da Audio-Fidelity), o empresário Mario Buonfiglio e muitos amigos e fãs. Ao terminar a cerimônia caiu sobre os noivos uma chuva de pétalas de rosas. Em seguida, os nubentes, precedidos pela irmã mais nova de Cesar (Maria Helena), trajando vestido azul de tecido igual ao da noiva, foram receber os cumprimentos dos amigos. 

Da igreja, os noivos e seus convidados dirigiram-se ao João Sebastião Bar, onde seus proprietários, Paulo de Arruda Cotrim e a cantora Ana Lúcia, ofereceram um almoço. Como nota curiosa, ao final, foi Ana Lúcia que ganhou a rosa-bouquet que a noiva atirou e assim credencia-se a um próximo casamento. 

Marisa Vertullo Brandão * 17 April 1938  + 10 January 2003.
Cesar Camargo Mariano * 19 September 1943.

Marisa in an early 'Revista do Radio' article.